Fundamental para a continuidade da biodiversidade na região amazônica, a preservação dos quelônios é incentivada pelo governo do Pará, por meio do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), com ações realizadas em várias regiões do Pará.
Em parceria com órgãos públicos, iniciativa privada e as próprias comunidades, o Instituto consegue proteger áreas de desova dos animais, monitorar e acompanhar o desenvolvimento das fêmeas e dos ovos, além de promover a soltura e a reintegração de quelônios à natureza, com projetos desenvolvidos nos municípios de Salinópolis, na Região de Integração Rio Caeté; Senador José Porfírio, na região do Xingu; e São Geraldo do Araguaia, no sudeste paraense.
Atualmente, são monitoradas pelo Ideflor cerca de 10 mil fêmeas adultas desovando anualmente e produzindo cerca de 600 a 800 ovos por ano. De acordo com relatório do instituto, no primeiro semestre de 2024 já foram soltos 3 mil quelônios na região do Araguaia.
“O período reprodutivo das tartarugas inicia normalmente em agosto e vai até dezembro. Elas ficam de 10 a 15 dias avaliando o local, e quando elas veem na praia uma local alto suficiente para colocar os ovos, passam mais de 30 a 45 dias neste processo. Depois desse período, eles estão prontos para nascer, e chega a segunda fase do trabalho que é o monitoramento dos ovos dos filhotes. Os filhotes são retirados, contados e soltos na natureza. O Ideflor trabalha não só na fiscalização, mas no monitoramento dessas áreas. Na fiscalização temos auxílio da Secretaria de Meio Ambiente do Estado (Semas), Ibama e do Batalhão da Polícia Ambiental (BPA)”, explicou o técnico do Ideflor-Bio, Átila Melo.
Praia do Atalaia – Em Salinópolis, o Instituto conta com a parceria dos órgãos de segurança pública para fazer a proteção de três quilômetros da praia do Atalaia, principal balneário do litoral paraense.
Esta área é importante para a desova de cinco espécies de tartarugas marinhas, entre elas a tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea). No ano passado, aproximadamente 500 filhotes desta espécie nasceram ali, iniciando um novo ciclo de vida. Os ovos das tartarugas-oliva foram protegidos em um berçário próximo à Unidade de Conservação (UC) Monumento Natural do Atalaia, garantindo um ambiente seguro para o desenvolvimento dos filhotes.
Já em Souzel, como também é conhecida a cidade da Região do Xingu, o projeto é desenvolvido no Refúgio de Vida Silvestre (Revis) Tabuleiro do Embaubal, uma Unidade de Conservação (UC) de Proteção Integral com área de cerca 4 mil hectares, composta por 20 praias e considerada o maior berçário de tartarugas da Amazônia da América Latina.
O Ideflor-Bio, com o apoio da iniciativa privada, faz o monitoramento, coleta e soltura de quelônios na região. Só no ano passado, mais de 200 mil filhotes de tartarugas-da-amazônia, tracajás e pitiús foram reintegrados à natureza na Unidade de Conservação.
São Geraldo do Araguaia – O trabalho de conservação no Rio Araguaia é focado em áreas específicas, como a praia em frente ao porto do IAX e nas comunidades de Ilha de Campos e Santa Cruz, que fazem parte da zona de amortecimento de duas Unidades de Conservação: o Parque Estadual Serra dos Martírios/Andorinhas e a Área de Proteção Ambiental (APA) Araguaia.
A soltura dos quelônios tem apresentado grandes resultados, frutos de décadas de trabalho na região. Em 2023, mais de 6 mil animais foram integrados à natureza em um único dia, a partir de um projeto liderado pelo aposentado Alípio Murici, com o apoio do Instituto Ambiental Xambioá e do Ideflor-Bio.
Nas Unidades de Conservação, alunos da rede pública podem participar do momento da soltura. Uma delas foi a estudante Joana Silva, de 13 anos, que comemorou muito esta oportunidade. “É muito bonito ver as tartarugas correndo em direção ao rio, a gente aprende a cuidar delas e entendemos muita coisa, porque elas são importantes para os rios. É muito divertido também correr com elas”.
“O projeto dos quelônios é muito importante. As crianças da nossa comunidade já aprendem e ganham essa visão da importância que as tartarugas têm para o rio Araguaia, que é o quintal da casa delas. Isso valoriza as comunidades, valoriza quem mora na região, ajuda a preservar as espécies. Elas têm importância para os rios, se alimentam de espécies, mantêm o ambiente saudável. É importante tirar essa questão cultural de comer os quelônios. A ideia é preservar e conservar as nossas espécies”, aprovou o professor da comunidade Santa Cruz dos Martírios, Joelson Cardoso.
Ameaças – Os quelônios enfrentam diversas ameaças que afetam sua sobrevivência e reprodução na Amazônia, como a pesca incidental, a perda de habitat, a poluição, mudanças climáticas, tráfico ilegal, iluminação artificial e atropelamento. O trabalho do Ideflor-Bio em todo o Pará procura preservar as espécies e garantir o desenvolvimento dos animais, o que contribui para a manutenção da fauna amazônica e do meio ambiente.
“A diretoria dá o total apoio a esse trabalho da desova das tartarugas em várias regiões do estado como na região do Salgado Paraense, na região do Marajó, na região do Xingu e na região do Araguaia. E com essas ações a gente consegue garantir que a espécie seja preservada, algumas dessas espécies inclusive correm risco de extinção. E é um trabalho contínuo que ocorre durante o ano todo com o apoio dos órgãos de fiscalização e das prefeituras”, concluiu o Diretor de Gestão e Monitoramento das Unidades de Conservação (DGMUC), Elivelton de Carvalho.
Fonte: Agência Pará
Foto: Vinícius Leal
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