Os modos de prevenção e tratamento de queimaduras são os debates que marcam o Junho Laranja. Este ano, a campanha tem como tema os acidentes domésticos, que representam 70% dos casos de queimadura, sendo idosos e crianças as principais vítimas. Além desses casos, as festas juninas também são responsáveis por grande parte dos acidentes com queimaduras devido à queima de fogos de artifício.

Segundo o Ministério da Saúde, no mês de junho há um aumento no casos de queimaduras por conta das festas juninas. Apesar de serem mais lembradas nessa época, as queimaduras ocorrem durante todo o ano. Cerca de 1 milhão de pessoas sofrem de queimaduras anualmente no Brasil, motivo de 3 mil mortes por ano no país. Mais da metade são queimaduras térmicas causadas por líquidos quentes, como óleo, ou, ainda, o contato direto com as chamas.

O cirurgião plástico é o profissional protagonista no tratamento aos queimados, responsáveis por avaliar a gravidade da lesão e realizar a reconstrução da região afetada, principalmente em áreas de dobras, como pescoço, cotovelos e axilas. Esses especialistas lidam com queimaduras mais graves que atingem as camadas mais profundas da pele, as chamadas queimaduras de segundo e terceiro graus. As de segundo grau apresentam bolhas, vermelhidão, dor, inchaço e desprendimento de camadas da pele. Já as de terceiro grau atingem todas as camadas da pele, músculos e podem chegar aos ossos, causando a necrose do órgão.

“Geralmente, queimaduras em áreas maiores, em que a pessoa tem de 30 a 40% do corpo queimado, ela vai precisar de internação. Depende do tipo de queimadura, mas para o tratamento de áreas profundas e extensas geralmente é preciso fazer enxertos, que é quando se tira a pele de outras áreas do corpo para colocar na área queimada. Em todos os estados do país existe o Centro de Queimados. Em Belém, o Hospital Metropolitano é referência nesse tratamento”, explica a membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Christianne Barros.

Sequelas

As sequelas de um acidente com queimaduras envolvem desde pequenas cicatrizes a limitação dos movimentos dos membros atingidos. “Se for uma queimadura mais profunda pode ter cicatrizes na área. Essas cicatrizes podem engelhar, a chamada retração da pele, o que pode limitar os movimentos, principalmente quando é na área das articulações. Por isso, a gente faz os enxertos para tentar diminuir isso”, revela a especialista em Cirurgia Plástica.

Por isso, para garantir a diversão no São João, os festejos devem ser sinônimo de cuidados para evitar esse tipo de acidente. Ao soltar fogos de artifício é preciso se afastar de locais muito movimentados, respeitando a faixa etária e as normas de uso descritas pelo fabricante na caixa do produto. Por outro lado, é necessário redobrar o cuidado nas cozinhas residenciais, onde ocorrem o maior número de queimaduras domésticas.

“Quando for soltar fogos de artifício, você tem que soltar em áreas afastadas e respeitar as normas, jogue em lugares mais altos possíveis. As bombinhas são o maior perigo nas festas juninas porque podem causar estragos com fogo. Outra área muito perigosa são as cozinhas. Temos um alto índice de queimaduras domésticas em crianças que vão passear na cozinha, encontram a ponta da panela para fora do fogão, batem e o líquido cai para cima delas”, alerta Christianne Barros, presidente da regional Pará da SBCP.

Em caso de queimaduras é preciso resfriar a área imediatamente, seja acidentes mais leves ou mais graves. “A partir do momento que você entrou em contato com alta temperatura, é preciso baixar essa temperatura resfriando a área. Então, coloque a queimadura em água corrente para que não fique mais grave. Depois disso, você deve procurar um hospital para que o médico faça o acompanhamento e minimize as sequelas”, finaliza a especialista.

Fonte: DOL
Foto: Maycon Nunes