O Pará tem, até o momento, apenas um representante nas Olimpíadas de Paris, o boxeador Michael Trindade. O paraense conquistou a vaga para os Jogos no último ano, durante os Jogos Pan-Americanos de Santiago, onde terminou com a prata, na categoria até 51 kg. Há pouco menos de 100 para a maior competição esportiva do mundo, o atleta está focado em realizar o sonho de conseguir uma medalha olímpica.
No último mês de abril, o paraense também saiu com a medalha de prata do Torneio Internacional de Boxe dos Estados Unidos, evento da World Boxing, nova federação internacional da modalidade. Em entrevista exclusiva para o Núcleo de Esportes de OLiberal.com, Michael falou sobre a carreira, preparação e expectativas para os Jogos Olímpicos.
“Desde quando entrei na Seleção nós estamos trabalhando pensando nas Olimpíadas de Paris e viemos ajustando, passo a passo, a cada competição, no dia a dia, treino, até chegar na reta final para os Jogos. A última competição foi bem forte e conseguimos sair com a vitória [uma medalha], isso é pelo trabalho que nós estamos construindo e acredito que nós estamos no caminho certo até a medalha olímpica”, declarou o paraense.
Michael é natural de Belém, mas morou boa parte da vida em Marituba. O atleta tem 23 anos e atualmente mora em São Paulo por conta dos treinos com a seleção brasileira de boxe. O paraense começou no esporte por acaso, através de dois ex-lutadores de MMA, os irmãos Frank e Divan Vasconcelos, que davam aulas na rua para crianças.
“Eu fui criando gosto [pelo esporte], fui para um projeto social municipal e comecei a me destacar. Então, um treinador de lá me chamou para treinar em uma academia que ele abriu por conta de mim e do filho dele e daí eu fui abrindo as portas em outras academias até chegar aqui”, detalhou Michael.
Por conta do compromisso com a seleção brasileira, Michel se mudou para São Paulo para poder treinar. Inicialmente, a distância da família foi um problema, mas, hoje, ao lado da esposa e da filha de 10 meses, o boxeador está completamente adaptado e focado para buscar a medalha olímpica.
Mesmo com o feito de chegar aos Jogos Olímpicos, Michael destacou que o lado emocional não pode falar mais alto na hora da disputa.
“São três rounds de três minutos. É muita coisa e não podemos deixar a emoção tomar conta. Por isso, trabalhamos com psicologo para chegar no dia não ter uma surpresa emocional e psicológica”, ressaltou o atleta olímpico.
Até o momento, ele já realizou quatro viagens de preparação, que envolvem camps e competições. A torneio nos EUA é um dos três previstos antes de Paris. Os eventos servem como termômetro e são preparativos para os duelos das Olimpíadas.
Na próxima semana, o paraense vai para Bangkok, na Tailândia, onde terá outra competição. Apesar de saber que o nível da disputa é alto, Michael está confiante.
“Eu não estou preocupado com os meus adversários porque estou treinando, estudando bem eles e creio que vamos superar a medalha de prata no Pan-Americano e vamos conseguir ir atrás do ouro em Paris”, projetou.
Estrutura
Michel faz parte do Programa Atletas de Alto Rendimento (PAAR) do Exército Brasileiro e consegue viver do esporte. Com isso, o paraense recebe condições para treinar e disputar as competições com tranquilidade por conta dos recursos.
“Atualmente eu ganho pelo boxe, entre a seleção brasileira, bolsas federais e o exército brasileiro, então agora está mais tranquilo do que quando comecei, que eu não tinha apoio de ninguém, então, a nossa vida agora é isso, treinar, estudar nossos adversários e lutar”, explicou o boxeador que é sargento do exército por conta do PAAR.
Boxe profissional
Atualmente, o Comitê Olímpico Internacional (COI), confirmou o boxe apenas até as Olimpíadas de Los Angeles, em 2028. Isso porque, a IBA (Associação Internacional de Boxe) foi acusada de vários casos de manipulação e foi desligada dos Jogos.
Com isso, o paraense não descartou a possibilidade de migrar para o boxe profissional, como diversos atletas da modalidade têm feito. No entanto, o boxeador ainda acredita que o esporte deve continuar no ciclo olímpico com a reformulação.
“Agora surgiu a nova federação internacional, que é a World Boxe. Agora, o boxe está dividido entre as duas organizações, IBA, que não rege mais a modalidade nas Olimpíadas, e a World Boxe, que vai se filiar após Paris, e eu acredito que o esporte permanece até 2032 e assim vai”, projeto o paraense. “Mas, eu penso na carreira híbrida, como a nossa atual campeã mundial, Bia Ferreira, que foi campeã do profissional [no último mês]. Então, eu estou nessa expectativa. Estou pensando até 2028 e vamos esperar as propostas para ver se a gente tem chance de fazer a carreira híbrida profissional e olímpica”, finalizou.
O boxe é uma das modalidades que mais pode trazer medalhas para o Brasil. O país conquistou vaga em 10 das 13 categorias e tem um time forte. Nos Jogos Pan-Americanos, em Santiago, foram 12 medalhas no boxe, com quatro ouros, cinco pratas e três bronzes. Assim, a expectativa é que os brasileiros cheguem forte em Paris na briga pelo título.
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