“Transição Energética no Brasil”. Esse foi o tema da edição do CNN Talks, debate promovido pela rede de notícias CNN Brasil, na noite desta segunda-feira (3), em São Paulo. O evento teve a participação do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira; e do governador do Pará, Helder Barbalho, entre outras lideranças das esferas pública e privada.
O debate envolveu assuntos como investimentos necessários para a transição energética no Brasil, petróleo de baixo carbono e a realização das COP 29 (Azerbaijão, na Ásia) e COP 30 (Belém, Pará, Brasil).
O apresentador da rede CNN, Márcio Gomes, iniciou a discussão informando que o Brasil é um protagonista mundial na produção de energia mais sustentável, mas ressaltou que ainda há muitos desafios quando se fala na transformação energética brasileira. Ele citou a necessidade de investimentos e questionou o ministro Alexandre Silveira, sobre o papel do Brasil neste cenário de mudança de matriz energética.
Energia limpa e Margem Equatorial
Em síntese, Alexandre Silveira afirmou que o Brasil tem segurança jurídica, regulatória e condições climáticas para avançar ainda mais em políticas públicas, o que na opinião dele, já vem acontecendo. Ele disse que, atualmente, o Brasil tem 88% de energia elétrica renovável e vem investindo nas hidrelétricas importantes, produção de gás e de biocombustível.
O ministro citou a importância do Pará para a produção de energia elétrica brasileira, citando as hidrelétricas e defendeu o direito do país conhecer o potencial de petróleo na Margem Equatorial. “No nosso governo não passará boiada mas também não pode haver achismos. Basta cumprir a legislação ambiental, com rigor, e ter fiscalização, mas sem exageros buscar o caminho do desenvolvimento sustentável e seguro”, disse ele.
O mediador Márcio Gomes quis saber do governador Helder Barbalho como o Pará trabalha para receber a COP 30, e sobre o acordo de financiamento de 300 milhões de dólares do BID, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, firmado em dezembro passado para ser usado em programas sustentáveis.
Helder Barbalho observou que o Pará fez uma escolha e o estado vive a transição de um modelo antigo, com base no uso do solo gerando emissões de carbono, fruto do desmatamento, para um novo conceito do uso dos recursos naturais a partir da descarbonização da economia. Um modelo baseado em baixas emissões de gases do efeito estufa, priorizando atividades bioeconômicas e os produtos da floresta.
COP 30
Sobre a COP 30, em Belém, o governador paraense foi enfático. “O Brasil tem autoridade para liderar essa agenda, e não deve admitir ser capturado como vilão dos problemas ambientais do mundo. Hoje, quem emite e compromete a atmosfera são os países do Norte global, são os países industrializados”.
“Para se ter uma ideia, a floresta é responsável por apenas 10% das emissões ao planeta. Quem hoje tem a maior floresta tropical do mundo e energia limpa é o Brasil. Quem hoje tem é forte em investimentos em transição energética é o nosso país”, disse Helder Barbalho.
Ele argumentou que a COP 30 em Belém, “é uma grande oportunidade para que o Brasil possa ser líder da agenda climática e ambiental, e para que nós possamos fazer um chamamento do financiamento ambiental, fruto das urgências climáticas, para soluções baseadas na natureza e a oportunidade de fazer isso é a COP da Floresta, que deve ser a busca do nosso país e apresentar aquilo que nós estamos fazendo: a redução das emissões, o combate à ilegalidade ambiental e a redução do desmatamento”.
Helder também afirmou que o mercado de carbono é um instrumento fundamental para atrair investimentos, proteger os recursos naturais e alavancar o desenvolvimento social da população na Amazônia.
Atitude sustentável
Ana Toni, secretária nacional de mudanças do clima, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), elogiou a determinação do governador paraense e enfatizou que o desastre ambiental no Rio Grande do Sul evidenciou a urgência em atitudes sustentáveis.
“Queria agradecer pelo que foi falado pelo governador, a determinação do governador é o que faz possível mostrar o Brasil como este lugar, como provedor de solução climática”, disse a secretária.
“A gente fala muito das oportunidades e elas existem e a gente quer transformar essas oportunidades em reais, mas a gente esquece o quanto o Brasil é vulnerável. As hidrelétrica precisam de um padrão de chuvas regulares, a safra e a safrinha também dependem de um padrão de chuva regular. Nossas cidades não estão preparadas para os eventos extremos, então quanto tempo nós temos para tomar as decisões que temos que tomar? Eu diria que, não só o Brasil, o mundo está atrasado”, disse Ana Toni.
Fonte: O Liberal
Foto: Reprodução/ CNN Brasil
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