O Sudeste Asiático caminha para expandir fortemente suas centrais de geração elétrica a gás e sua capacidade de importar GNL (gás natural liquefeito), o que ameaça a sua transição para a energia verde, adverte um relatório divulgado na quinta-feira (30).

Os planos regionais visam a dobrar a capacidade de suas centrais energéticas a gás e aumentar em 80% a sua capacidade de importar GNL, informou a ONG Global Energy Monitor com sede nos Estados Unidos.

O gás natural emite menos dióxido de carbono do que a maioria dos outros combustíveis fósseis, e é considerado “um combustível de transição”, que pode ajudar os países a reduzir suas emissões sem sacrificar o crescimento. Mas a AIE (Agência Internacional de Energia) considera que o GNL deve ter “um papel limitado” no abandono do carvão: “Existem alternativas de emissões menores e custos mais baixos”, destacou em 2019.

Vietnã, Filipinas, Indonésia e Tailândia lideram a expansão regional do GNL, segundo o GEM. A ONG acrescentou que a região dispõe de centrais de energia solar e eólica em larga escala em desenvolvimento suficientes para cobrir dois terços do aumento projetado da demanda energética até 2030.

O GEM reconheceu que as potenciais fontes renováveis estão distribuídas de maneira desigual na região, onde alguns países têm mais condições do que outros de aproveitar o vento e o sol. Além disso, o GNL pode parecer mais atraente porque as centrais a carvão ou diesel podem ser modificadas para operarem com gás.

“Aumentar a geração a gás, no entanto, não é uma solução de longo prazo”, disse Warda Ajaz, do Asia Gas Tracker do GEM. “Atender à demanda com fontes renováveis afasta a região dos preços voláteis do gás e proporciona um caminho mais verde.”

O relatório aponta que o financiamento internacional estimular a expansão das centrais a gás, ao oferecer recursos a países como Indonésia e Vietnã para alterarem suas fábricas para usar o GNL. O texto ressalta que “ainda há tempo de mudar o rumo e dirigir investimentos às fontes renováveis e à integração regional das redes”.

 

Fonte: ECOA/UOL/AFP
Foto: Mohd Rasfan/AFP