A Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), além de já possuir o atendimento em libras, também realiza o projeto de extensão “Saúde Animal em Libras”, que oferta capacitação para o atendimento básico em Libras na área de medicina-veterinária de animais de companhia.

As oficinas são voltadas tanto para estudantes de medicina-veterinária, que fazem treinamento ou estágio supervisionado obrigatório no hospital e Ispa, quanto para médicos-veterinários residentes e funcionários administrativos do Serviço de Atendimento ao Tutor (SAT), local em que são realizados os primeiros atendimentos ao tutor surdo que chega nesses espaços. “O objetivo é que eles consigam desenvolver todo o atendimento ou agilizar esse serviço até a chegada de um dos intérpretes de Libras integrantes do projeto”, diz a professora Deborah Oliveira, diretora do Hovet e coordenadora do projeto.

As atividades são coordenadas pela Direção do Hovet, com apoio de dois intérpretes de Libras da Ufra, dois estudantes de medicina-veterinária, sendo uma delas bolsista Pibex/Proex e dois estudantes do curso de Letras Libras da Ufra.

Desde que o projeto iniciou, já foram realizadas seis oficinas. Para o administrativo são ensinados sinais de como receber e se identificar ao tutor, cumprimentos e como fornecer informações sobre os serviços ofertados pelo Hospital. Os estudantes e médicos-veterinários também aprendem esses sinais, além de outros mais específicos. “Para eles também são ensinados sinais voltados à formação de algumas palavras e termos relacionados aos animais e sinais clínicos necessários para iniciar, junto ao tutor do pet, uma anamnese durante uma consulta veterinária, assim como explicar os cuidados para a saúde do animal”, explica a coordenadora.

Os inscritos nas oficinas também recebem informações teóricas sobre acessibilidade e as barreiras comunicacionais que dificultam a inclusão.

“No primeiro momento, explanamos os conteúdos e depois os alunos praticam. Com essas orientações o profissional conseguirá compreender o tutor surdo”, explica Alan Aviz, tradutor intérprete que realizou o primeiro atendimento em Libras no hospital e que integra o projeto. Segundo ele, a falta de acessibilidade em ambientes públicos e privados ainda é muito comum. “Sou eventualmente chamado para possibilitar o acesso a informações na qualidade de tradutor-interprete de libras em hospitais. Embora o direito linguístico seja garantido por lei no Brasil, essa comunidade enfrenta diversos desafios em hospitais”, diz.

Para o médico veterinário Flavio Nielsen, residente no setor de Diagnóstico por imagem no Hovet Ufra e que particiou da primeira oficina, aprender Libras é essencial para quem lida com o público e que podem se deparar com uma situação em que tenham que atender uma pessoa surda. “Muitas vezes não temos noção da necessidade desse aprendizado, e as oficinas são de grande proveito para o ensino de libras. As oficinas foram bem dinâmicas e práticas, permitindo que agora possamos ter o conhecimento e coragem para sabermos como lidar com esse público”, diz.

O Hovet também está recebendo sinalização em Libras em todo o ambiente do hospital e a equipe está produzindo uma cartilha, com recursos acessíveis na Língua Brasileira de Sinais. Segundo a coordenadora, um novo ciclo de oficinas também deve ser ofertado, agora com abertura para a participação de estudantes de outras instituições de ensino em medicina-veterinária, que manifestaram interesse em participar das oficinas. “Acredito que esse interesse se dê pelo fato de não haver outro Serviço Veterinário em Belém que atende em Libras, o que desperta uma oportunidade de capacitação gratuita em atendimento na área de medicina veterinária de animais de companhia, já visando um diferencial para mercado de trabalho”, relata ele.

Fonte: Roma News
Foto: Divulgação